domingo, 27 de setembro de 2009

SINTONIA E VIBRAÇÃO

Imaginemos alguém que, com um perfume muito forte, permanece determinado
tempo em ambiente fechado. A fragrância do seu perfume irá se espalhar pelo
ambiente, que ficará impregnado, durante algum tempo, com o odor característico.
Da mesma forma, o resultado do que pensamos e sentimos, fica indelevelmente
plasmado naqueles ambientes que mais costumamos frequentar.
Assim, os nossos lares, os ambientes de trabalho, os locais onde se realizam cultos
religiosos e de outros tipos, ficam com suas atmosferas marcadas pelas formas-sentimento
e formas-pensamento que comumente ali são expressadas. Quem
penetrar em um desses ambientes, inconscientemente ou não, se sentirá inclinado a
sintonizar-se psiquicamente com as vibrações ali caracterizadas, sejam agradáveis ou
desagradáveis.
Por outro lado, se alguém com um perfume muito forte nos abraça, inevitavelmente
herdaremos o odor que dessa pessoa é emanado, seja ele prazeiroso ou não. Da
mesma forma que o perfume alheio nos invade a atmosfera pessoal, as vibrações
espirituais de quem nos abraça também nos invadem a organização íntima, nem que
essa troca energética se processe - e também se conclua - em poucos segundos,
tempo necessário para que as defesas energéticas da aura administrem a invasão
energética. Em resumo, estamos sempre marcando, com a "nossa fragrância
espiritual", as pessoas e os ambientes com os quais convivemos e, ao mesmo tempo,
recebendo a suas influências. Quando e se, as nossas defesas espirituais estiverem
em boa forma, assimilaremos apenas o que nos for positivo e rechaçaremos o que não
for. Esse processo é inconsciente, como também o é o da defesa orgânica que os
anticorpos promovem em nosso corpo, sempre que necessário. É tudo tão rápido que
o cérebro físico-transitório não dá conta, apesar de ser ele que administra todo o
processo, como também o faz, a nossa mente espiritual, quando o caso se relaciona
com as vibrações de terceiros que nos invadem o espírito.
É importante perceber que, uma simples troca de olhares, um aperto de mão, um
abraço, uma relação sexual, por exemplo, são situações em que a troca energética
acontece, independentemente de querermos ou não. Quando a nossa resultante de
defesa vibratória é positiva - normalmente assim o é nas pessoas que tem bom
ânimo, não se deixam entristecer pelos fatos, são disciplinados no campo da oração
e/ou meditação etc. - pouco nos invade a energia alheia, se isto for nos servir de
transtorno ao nosso equilíbrio energético. Ao contrário, se estivermos em baixa
condição de defesa energética, tal qual um prato de alimento estragado que
inapelavelmente irá causar 'estragos" no nosso organismo, a energia deletéria alheia
nos desarmonizará durante pouco ou muito tempo, conforme for a nossa capacidade
psiquica-espiritual em reestabelecer o equilíbrio que nos caracteriza, seja ele de que
nível for.
As crianças pequenas que sequer andam, normalmente tem energia passiva, e sofrem
um bocado quando ficam "passando de braço em braço", recebendo verdadeiras
descargas energéticas que normalmente lhes causam desequilíbrios de toda ordem.
Se os pais terrenos disso soubessem, outras seriam as suas posturas em relação a
permitirem que seus filhos andem de "braço em braço".
Portanto, estamos a todo momento, trocando energia com as pessoas e com os
ambientes que nos rodeiam. O equilíbrio - leia-se, saúde espiritual - de cada um, é o
único antídoto a impedir que as vibrações negativas, alheias à nossa organização
espiritual, penetrem no nosso íntimo. Saber conviver sem sintonizar com a energia de
terceiros é postura que somente os mestres de si mesmos conseguem plasmar na
difícil coexistência com os demais. Ao contrário, se a toda hora temos a sensibilidade
pessoal invadida por problemas e influências de outras pessoas e/ou situações,
ficamos sempre à mercê dos "outros nos deixarem" ficar em paz. Assim, a nossa paz
íntima dependerá dos outros, jamais de nós próprios; o nosso controle será sempre
refém do descontrole alheio; a nossa fragrância espiritual estará sempre mesclada
com a dos outros; enfim, dificilmente conseguiremos ser donos de nossa própria vida.
Se pretendemos ser os arquitetos e atores da nossa própria caminhada evolutiva é
mister que cuidemos do nosso equilíbrio espiritual, escolhendo quando e como
sintonizar com as vibrações alheias, seja em uma conversa, em um convívio mais
íntimo, numa palestra, enfim, numa simples leitura, como é o caso que ora ocorre,
pois, até o que lemos pode nos ser motivo de enriquecimento ou de desarmonia
interior, já que é vibração que nos penetra a alma.
Lembremo-nos de que: a soberania espiritual passa necessariamente pelo controle
das emoções; a saúde do nosso corpo dependerá da qualidade do que nos
alimentamos; o equilíbrio do nosso espírito depende e, em muito, do que nos
permitimos sintonizar, através dos sentidos.
Afinal, se a massa e energia são aspectos de um mesmo padrão existencial, sintonia e
vibração formam o elo entre toda a massa e energia que existe, independente das
formas transitórias que venham a assumir.
Melhoremos a nossa vibração pessoal e eduquemos os nossos padrões de sintonia. Isto
feito, estaremos despertando no nosso íntimo, a grande herança que recebemos do
Pai Celestial.

Jan Val Ellam
Livro: "Queda e Ascensão Espiritual"
Zian Editora
Fonte: www.consciencia.org.br

domingo, 13 de setembro de 2009

VIVENDO PRÓ-FORMEMENTE

A percepção de que respiramos, sentimos, emocianamos e pensamos, nos indica a certeza de estarmos vivos. Mas qual o grau dessa vivacidade ou dessa certeza? Até que ponto estamos realmente vivos?
O cotidiano das coisas à nossa volta nos automatiza o viver de modo que tudo transparece ser tão natural, do tipo acontece por acontecer como resultado de um mecanismo de controle universal regido pelo acaso. Muitos acreditam que a atual ordem das coisas é fruto de um trabalho que se estende por anos e anos a fio e que por isso apresenta pouca ou nenhuma chance de transformação. Entretanto, será que nossa postura diante da vida deve ser categoricamente passiva, a observar os acontecimentos dela como se estivéssemos a assistir um filme?
É justamente disso que precisamos em nossa atualidade existencial: atividade ou participação positiva. Evidentemente que transformações sócio-culturais e suas variantes não irão se concretizar de súbito, porém quanto mais cedo semearmos estas alterações fundamentais, mais cedo outras gerações ou nós mesmos, colheremos os melhores frutos dessa safra de novos e belos paradigmas conscienciais.
Assim, uma nova consciência nasce a partir de um despertar que contemple uma realidade que diverge da atual. Passou da hora de acordar e o mundo incansavelmente sinaliza e conclama mudanças de valores morais entre os seres humanos. É com grande pesar que presenciamos violência, intolerância, misérias e miseráveis, desestrutura familiar, orgulho e egoísmo doentios, depressão e deprimidos, suicídios promovidos por banalidades, etc e ainda estamos aguardando o que mais para uma tomada de atitude mais adequada?
Se é do nosso interesse a paz interior e exterior, a mudança começa pela nossa postura frente ao mundo, se vamos apenas bater palmas e calar-se diante dos fatos mais indignos ou vamos exercer nosso papel de agente transformador com atitudes que promovam a recuperação da dignidade humana em âmbito geral. Já esperamos tempo demais, é preciso tomar as rédeas do tempo e proporcionar melhorias de impacto revolucionário em nossas vidas sob pena de ficarmos apenas contemplando paradigmas insustentáveis à luz da razão e apoiados em falácias que insistem em nos convencer de se adaptar ao quadro vigente acreditando que ele seja preexistente a tudo que se acredita conhecer.

domingo, 30 de agosto de 2009

"SÓ SEI QUE NADA SEI"

Na Grécia antiga havia um homem que interrogava a si e aos outros a respeito das coisas que realmente eles afirmavam saber ou conhecer. Este homem era Sócrates, considerado o Pai da Filosofia pela forma inovadora e lúcida de elaborar o pensamento com vistas à aquisição do conhecimento. No entanto, Sócrates estava muito a frente de seu tempo, vivia numa sociedade mesmo com um grau de cultura adiantado comparada a outras daquela região, ainda cultivava a escravidão em seu seio, denotando que era necessário rever os conceitos acerca da liberdade e sua aplicação.
Ávido investigador social, Sócrates começa a colocar em "cheque" todo um cabedal de informações que a sociedade ateniense julgava como verdades inquestionáveis. Através de uma metodologia que induzia de forma sistemática e lógica o seu interlocutor a entrar em contradição própria, demonstrando assim a fragilidade ou insubstancialidade das suas convicções. Jovens e adultos mais experientes passavam nas vias públicas de Atenas pelo crivo do seu método e as consequentes reações oriundas das frustrações produzidas, colocaram Sócrates na berlinda, provocando revolta e rancor daqueles que se achavam exímios intelectuais e viam-se desqualificados em plena praça pública. O resultado não poderia ser outro, Sócrates é julgado e condenado à morte, acusado de corromper a juventude ateniense por meio de um sistemas de valores ou fatos que antagonizava com o sistema de valores tidos como irrefutáveis daquela época.
Decorridos alguns milênios, encontramo-nos em pleno Século XXI, numa era apoiada na informação e no advento de um mundo globalizado, interligado através da rede mundial de computadores. Tudo que acontece numa parte do globo, reflete quase que instantaneamente nas demais partes. Podemos afirmar que virtualmente não existe mais fronteiras, o conhecimento humano aos poucos vai se universalizando e ninguém no uso inteligente da razão pode se dar ao direito de se postar como detentor das verdades e fatos que nos acometem.
Todos os conhecimentos são sucetíveis de atualizações(updates) ou até mesmo de transformações radicais e a história da humanidade deixa isso muito bem claro. A diferença hoje, no entanto, reside na velocidade em que essas modificações são efetuadas, tudo pode de uma hora para outra, de um período breve de tempo para outro perder a validade total ou parcial de acordo com a profundidade alcançada por tais conhecimentos. Sabiamente, Sócrates se apercebendo das limitações do pensamento e dos órgãos sensoriais, concluiu que aquilo que julgamos saber, não passa de um conhecimento muito superficial e que a apreensão deste, exige sondas de investigação que transcendem nossos órgãos do sentidos encontrando no uso crítico da razão o meio mais eficaz que possui a humanidade.

domingo, 16 de agosto de 2009

Foco de Resistência Inteligente

Enfim, vivemos em pleno Século XXI, a era da informação o que há pouco tempo conhecíamos como informática e atualmente é denominada Tecnologia da Informação(T.I). Como não poderia ser diferente, estes avanços atingiram outros campos do conhecimento e atuação humana, conduzindo tais campos, às suas habilidades e dinamismos. Em particular, nos meios de comunicação esta tecnologia representa um papel crucial em virtude da rotatividade e da ampla variedade de assuntos, fatos, publicidades, etc, a serem trabalhadas. A televisão, por exemplo, ilustra muito bem estes aspectos cujas animações, chamadas, informes publicitários, seduzem e reduzem as atenções ou desejos de seus expectadores para o consumo inconsciente de certos produtos que necessariamente não refletem a sua razão de consumo ou de necessidades.
A interatividade é um dos pilares mais substanciais quando o foco é a audiência avassaladora, pois estimam o grau de audiência de um dado público alvo subdividido em classes que além de "aprisioná-lo" à sua programação milionária. Surge então o Reality Show onde pessoas comuns da população participam de programas e sujeitam-se a certas regras objetivando prêmios em dinheiro ou notoriedade artística e enquanto isso, do lado de fora, a outra parte dessa mesma população através da votação eletrônica irá decidir ou acha que decide à sorte de seus participantes.
Entretanto, eis aqui o nosso foco de atenção fundamental. O que vem a ser mesmo a tal realidade? Será que aquilo que nossos sentidos materiais apreendem através de uma rede neural traduz este quadro com a devida exatidão? As imagens, os sons, os aromas, traduzem o real em sentido mais amplo? Claro que não! É justamente por isso que devemos ter cuidado em nossos julgamentos ou percepções sobre essa tal realidade. Precisamos desenvolver a nossa inteligência através do conhecimento e do discernimento com a intenção de não cair em certas armadilhas dos sistemas de informação, acreditando serem nossas as idéias que eles implantam à nossa revelia.
Tudo aquilo que nos chega deve passar pelo crivo da razão, do bom senso e não do senso comum, o nosso ponto de vista bem fundamentado deve prevalecer frente àquele argumento meramente impositivo apoiando-se apenas pelo consenso de uma maioria que tudo aceita sem o devido questionamento por achar que as coisas obedecem uma determinada normalidade preexistente. Portanto, precisamos resistir de forma inteligente a estes ataques à nossa razão e à nossa personalidade, Faz-se mister o confronto de informações entre o nosso universo interior e aquele exterior manipulado ou estruturado com a intenção de nos subtrair que temos de melhor, provocando a "cegueira" mental e consequente escravização de ideiais nobres que deixamos aniquilar por tão insignificantes recompensas ou prazeres que não nos leva a lugar nenhum, a não ser à falência existencial.

sábado, 1 de agosto de 2009

A VULNERABILIDADE DA RELIGIÃO

Em face de uma vida atribulada, repleta de tantas obrigações, quase não sobra tempo, que praticamente não nos detemos a observar a natureza quando vista por um ângulo diferente daquele oqual nossos olhos habituaram-se a perceber. Quantos processos físicos, químicos, biológicos, psicológicos, nascimentos, mortes, transformações sociais, sistemas de governo, desigualdades das mais variadas formas, etc. Ao que indica, tudo está em constante mudança, até mesmo o Universo é um resultado dessas variações ao longo das eras e não vai parar por aqui!. Ou seja, a natureza apresenta-se nutrida por uma dinâmica bem sincronizada em que cada coisa tem o seu papel assumindo em cada ato o que lhe é pertinente no palco da vida em geral.
Mas, afinal, quem é o responsável por tudo isso? Sem dúvida alguma, dizem que é Deus, isto é, para aqueles que acreditam a existência de tal Ser. Aqueles que pensam diferente evidentemente merecem nosso respeito mesmo que discordemos deles. Há muitas coisas que não ficaram muito bem esclarecidas no trilhar da humanidade ao longo desses milênios no sentido de explicar de forma racional e lógica como este Universo e demais procesos a ele conjugados surgiram. Entretanto, é conveniente admitir que uma inteligência infinitamente superior e atemporal, precedente a tudo , iniciou a dinâmica da criação, não por mero capricho, mas movido por sentimentos tão nobres que certamente estamos longe de apreendê-los em nossa atual fase evolutiva. E ainda admitindo-se que tal inteligência seja Deus, isso levaria a brotar em nós um sentimento de gratidão por tanto que temos a nossa volta. Se existe desigualdades, não é falha de Deus, porém daqueles que fazem mal uso daquilo que possuem, afinal ao entregar seus bens, nos tornamos "gerentes" do seu patrimônio e portanto responsáveis diretos e indiretos pelos acontecimentos que decorrem da sua utilização.
Desta forma, atingimos aqui um ponto singular: Por que a nossa consciência não entrever com máxima clareza que lhe é possível, está tremenda responsabilidade? Neste momento nossos olhos se voltam para a religião, pois ela tem juntamente com seus seguidores, o dever de chamar a atenção de todos para os fatos dessa natureza inegável. Esse é o grande problema, pois nos cerceiam a liberdade de pensamento e ação conscientes à luz da razão e de uma fé raciocinada, sob pena de sermos condenados aos castigos de Deus e suas demais consequencias. Assim, ao invés de desenvolvermos progressivamente a nossa fé, acabamos cultivando uma boa dose de incredulidade que varia da simples negação de certos preceitos ou ensinamentos até a sua mais completa negação que culmina no ateísmo, criando desse modo um clima de aversão a tudo que tem conotação religiosa, daí o resultado final não poderia ser outro que intolerância, incompreensão, violências, etc. Portanto, precisamos sublimar nossos sentimentos à luz da razão e de uma fé racionalizada que consegue enxergar além dos limites materiais do mundo físico e percerber que o nosso criador, seja quem for, não é um carrasco sádico e que nossas próprias ações conscientes ou não, são as causas dos nossos insucessos ou infortúnios. Sendo Deus, Pai e criador, de modo algum ele deseja o mal para nenhum de suas criaturas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A MORTE DEVAGAR

Martha Medeiros


Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Mistério do Silêncio

Para o homem profano e inexperiente, o silêncio é uma simples ausência de ruídos, sobretudo de ruídos físicos. E, como o ego humano vive no ruído e do ruído, o silêncio representa para o homem profano a morte. O homem comum se afoga literalmente no oceano pacífico do silêncio. Um padre, interrogado se fazia de manhã uma hora de silêncio meditativo, respondeu-me que, se o fizesse, ia enlouquecer. Uma senhora, muito religiosa, afirmou-me que tinha certeza de que nem ela nem ninguém era capaz de fazer meia hora de meditação.
Ouve-se falar muito sobre o que Jesus disse e fez. mas não se fala sobre o que não disse e não fez, por exemplo, sobre os dezoito anos de silêncio em Nazaré e sobre os quarenta dias de silêncio no deserto. Um dos maiores tesouros que o Cristianismo oficial perdeu, nesses últimos séculos, foi, sem dúvida, o tesouro do silêncio dinâmico. E talvez seja esta uma das principais razões da sua ineficiência na sociedade humana. Silêncio é receita - ruído é despesa. E quem tem mais despesas do que receitas abre falência. Aliás, esta nossa pobre humanidade de hoje está permanentemente falida.
A razão deste horror ao silêncio é o conceito radicalmente falso sobre o silêncio. O profano entende por silêncio não falar nem ouvir nada. Outros, mais avançados, incluem no silêncio também a ausência de ruído mental e emocional, nada pensar e nada desejar. Mas entre mil pessoas não encontramos uma que entenda por silêncio uma grandiosa atitude de presença cósmica ou uma fascinante plenitude univérsica. Só pensam em silêncio como ausência e como vacuidade e, como a natureza tem horror à ausência e à vacuidade, esses inexperientes não podem amar e querer bem ao silêncio, que não lhes parece fecundação e enriquecimento da alma. Enquanto o homem vive na falsa concepção, que quase todos nós aprendemos nos colégios e nas igrejas, de que meditação consista em analisar determinados textos sacros, estão todas as portas fechadas e nunca aprenderemos a arte divina do silêncio fecundo e enriquecedor.
Meditar não é pensar. Meditar é esvaziar-se totalmente de qualquer conteúdo do ego e colocar-se, plenamente consciente, como canal vazio, diante da plenitude da fonte, ou em linguagem da Sagrada Escritura:"Sê quieto - e saberás que Eu sou Deus". Ou ainda:"Deus resiste aos soberbos(ego-plenos) e dá sua graça aos humildes(ego-vácuos)". Segundo a eterna matemática cósmica, a cosmo-plenitude plenifica somente a ego-vacuidade, mas não plenifica a ego-plenitude.
Mesmo no terreno meramente humano vale esta matemática: o homem que já superou e se desiludiu da esperança de encontrar na zona meramente periférica das exterioridades relativas e inconstantes a verdade do Uno, dirige-se, como o girassol, ao centro do Absoluto, e constante da Realidade. Quem não vislumbrou, ou pelo menos farejou o Absoluto, o Uno, em longos e profundos mergulhos de silêncio, não sente a vacuidade dos Relativos e o desejo do Absoluto. Pela vacuidade do silêncio prolongado, a plenitude da alma flui irresistivelmente para dentro da vacuidade do cosmos humano. O silêncio é a linguagem do espírito-que é interrompido pelo falar.

Texto adaptado do Livro "Einstein O Enigma do Universo" de Huberto Rodhen.

sábado, 13 de junho de 2009

POR QUE AINDA VIVEMOS NAS "CAVERNAS"?

Segundo Platão, podemos dividir o contexto do existir entre duas realidades distintas as quais classificou como: mundo das idéias e mundo das coisas ou material. O mundo das idéias consiste num tipo de realidade que retrata a perfeição em tudo que conhecemos nesta dimensão física, ou seja, uma cópia desta dimensão física levada à máxima plenitude. Em função disso os seres que habitam este mundo das coisas vivem numa forma de ilusão que para eles consiste na mais pura realidade e acreditam que aquilo que vêem, ouvem e sentem, são exatamente da forma como se apresentam. Platão ilustra este apontamento através de um texto chamado de mito da caverna que faz uma analogia do nosso modo de vida semelhante à pessoas que vivem num cinema e aquilo que elas vêem na tela é a sua realidade última.
Mas precisamos sair desta caverna e vislumbrar outras variantes da realidade além daquilo que os nossos sentidos orgânicos nos fornecem de um modo muito limitado apesar de sua enorme utilidade. Entretanto a grande questão é: Como perceber que se vive numa caverna e de que modo podemos almejar sair dela em definitivo?
Parece de certo modo fácil falando dessa maneira, no entanto este conjunto de ações de caráter individual e impessoal, demanda uma quantidade de esforço e trabalho quase sobre-humano por se tratar de um desafio que consiste em vencer ou superar a si mesmo. A maior parte de nós precisa de orientadores que realmente nos desperte neste sentido, trabalho esse iniciado por nossos professores da fase escolar e até da própria Universidade ou Faculdade. Infelizmente temos um modelo educacional muito aquém das nossas necessidades e muito raro encontramos alguém que começou algo neste rumo.
Assim precisamos ler as entre-linhas da vida, perceber os sinais que nos chegam a partir das diversas ações que tomamos no curso natural da nossa vida pessoal e estar receptivo a realizar aquelas mudanças cruciais que fatalmente nos conduzirá à saída da caverna que a nossa estrutura psíquica abriga. Então leituras construtivas que estimulem o nosso intelecto, explore a nossa base racional substituindo paradigmas, removendo certos condicionamentos que carregamos ao longo de tenras idades e fases e a partir daí reunimos mínimas condições com vistas a transcender limites intransponíveis de nossas interiorizações mal elaboradas.
Caro leitor, o processo analisado desta forma deixa claro que pra sair das nossas cavernas ou condicionamentos internos, implica que sem a nossa sincera vontade de transcender nada poderá ser feito e continuaremos aprisionados na ilusão de uma vida real tão virtualmente jamais vivida.
Pense nisso!!!

domingo, 7 de junho de 2009

NECESSIDADE DA CULTURA MORAL

Em Como Vejo o Mundo, Albert Einstein volta os olhos para os problemas fundamentais do ser humano(o social, o político, o econômico, o cultural) e torna clara a sua posição diante deles: a de um sábio radicalmente consciente de que sem a liberdade de ser e agir, o homem-por mais que possua-não é nada. Neste trecho extraído do referido livro, Einstein posiciona-se sobre os impactos da cultural moral bem dirigida e seus efeitos para a humanidade.

Sinto a necessidade de dirigir à vossa "Sociedade para a Cultura Moral", por ocasião de seu jubileu, votos de prosperidade e de sucesso. Não é, na verdade, a ocasião de recordar com satisfação aquilo que um esforço sincero obteve do domínio da moral, no espaço de setenta e cinco anos. Porque não se pode sustentar que a formação moral da vida humana seja mais perfeita hoje do que em 1876.
Predominava a opinião de que tudo se podia esperar da explicação dos fatos científicos verdadeiros e da luta contra os preconceitos e a superstição. Sim, isto justificava plenamente a vida e o combate dos melhores. Neste sentido, muito se adquiriu nestes sententa e cinco anos, e muito se propagou graças à literatura e ao teatro.
Mas, fazer desaparecer obstáculos não conduz automaticamente ao progresso moral da existência social e individual. Esta ação negativa exige, além disso, uma vontade positiva para a organização moral da vida coletiva. Esta dupla ação, de extrema importância , arrancar as más raízes e implantar nova moral, constituirá a vida social da humanidade. Aqui a Ciência não pode nos libertar. Creio mesmo que o exagero da atitude ferozmente intelectual, severamente orientada para o concreto e o real, fruto da nossa educação, representa um perigo para os valores morais. Não penso nos riscos inerentes aos progressos da tecnologia humana, mas na proliferação de intercâmbios intelectuais mediocremente materialistas, como um gelo a paralisar as relações humanas.
A Arte, mais do que a Ciência, pode desejar e esforçar-se por atingir o aperfeiçoamento moral e estético. A compreensão de outrem somente progredirá com a partilha de alegrias e sofrimentos. A atividade moral implica a educação destas impulsões profundas, e a religião se vê com isto purificada de suas superstições. O terrível dilema da situação política explica-se por este pecado de omissão de nossa civilização. Sem cultura moral, nenhuma saída para os homens.

domingo, 31 de maio de 2009

INÉRCIA EXISTENCIAL

Segundo Aristóteles os corpos entravam e permaneciam em movimento quando submetidos à ação de forças resumidas posteriormente a uma força resultante que representava o conjunto. Séculos mais tarde, Galileu Galilei concluiu através do método experimental que mesmo sendo retirada a força resultante aplicada ao corpo, este ainda continuava o seu estado de movimento por algum tempo ao invés de uma interrupção instantânea conforme previa Aristóteles. Pelos idos do saudoso Renascimento, Isaac Newton apoiado "sobre os ombros de gigantes" elaborou um modelo matemático que descrevia e determinava acontecimentos posteriores acerca dos movimentos dos corpos conhecendo-se as condições iniciais deste. Este modelo foi escrito num trabalho intitulado Princípios Matemáticos da Filosofia Natural ou popularmente chamado de Principia(latin) e neste formalismo encontramos a citação e explicação de uma propriedade associada a movimentos e corpos classificada como Inércia. Mas o que vem a ser isso?
A inércia consiste em toda e qualquer forma de resistência oferecida pelo corpo na tentativa de lhe modificar o seu estado de movimento ou simplificadamente: aquilo que está em movimento relativo tende a permanecer nessa condição mesmo que seja submetido a uma ação contrária; por melhor que seja um sistema de freios de um veículo este não pára de imediato ao comando do pedal acionado!
Extrapolando os domínios da física clássica para os domínios da existência humana e suas intricadas formas de interação, podemos perceber de modo natural que temos os nossos momentos inérciais quando o foco que nos atinge está relacionado com o fator mudança. Esta resistência é mais profunda e tão subjetiva que não apresenta sintomas que se possa traçar perfis de comportamento coletivo na busca de um entendimento final. Cada ser esboça à sua maneira muito peculiar o seu momento de inércia e no máximo que podemos inferir é que todos os seres humanos têm seu caráter inercial como propriedade intrínseca. Quantas oportunidades dignas de nota costumamos perder pelo fato de não querermos modificar algum conceito ou posição a qual estamos bem confortados e de lá não queremos sair. Temos medo de que alguma coisa fuja ao nosso controle e que passemos a ficar dependente do acaso e de seus dissabores. Felizmente ou infelizmente a depender de como cada um encare os fatos da vida, esta geralmente nos aplica uma "força" convidando-nos à mudança em nosso estilo de levar a vida e que esta força aplicada é gradualmente administrada para que tenhamos tempo de percerber as mudanças que não tardarão a chegar. No entanto em meio às nossas intricadas interações dom os demais seres, demoramos muito a perceber os sinais de mudança que a vida nos ascena.
Muitos abusam da saúde com atitudes que a põe em risco a todo o instante; esperamos que as coisas melhorem sem contudo empreender algum esforço bem dirigido neste sentido; jovens e adultos se perdem em valorizar coisas banais acreditando que estão muito bem dessa maneira e até acham engraçado certos estilos de vida que lhe são diferentes.
Porém, cada um dos aqui presentes nesta existência, tem um propósito de vida bem definido e ela certamente cobrará seu "preço" de modo que à medida que nos distanciamos desse propósito, ela nos tira ou nos coloca em situações adversas daquelas que estamos acostumados ou confortados cuja finalidade é tão somente retornar ao curso de nosso propósito. Sob duras penas muitas vezes somos obrigados a revelia a mudar ou mudar, pois se resistirmos colocaremos nossa existência na "lata do lixo". Portanto, como seres racionais temos o dever e o direito de sermos felizes e trabalhar neste sentido constitui a nobreza das nossas existências e que fiquemos em sintonia para as pequenas mudanças à nossa volta oferendo-lhe a menor resistência possível.
Pense nisso!!!

domingo, 24 de maio de 2009

EDUCAÇÃO EM VISTA DE UM PENSAMENTO LIVRE

Texto extraído do livro "Como vejo o Mundo" de Albert Einstein em o que o notável cientista retrata o seu lado humano frente às questões que sempre em todas as épocas da humanidade levaram sistemas de governo a praticarem os maiores crimes autorizados por leis por eles mesmos criadas em nome do progresso. Einstein foi particularmente perseguido pelo regime nazista por se negar declaradamente à sua concordância.

Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque torna-se- á assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso crítico daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele assemelharar-se-á, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à continuidade.
Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contatos vivos com os professores, de forma alguma se encontram nos manuais. É assim que se expressa e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor "As Humanidades", quero recomendar esta cultura viva, e não um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia.
Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto de eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. Ora, a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura. O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa.


Foto: Einstein quando criança.

domingo, 17 de maio de 2009

VIVENDO EM MEIO AS SINGULARIDADES EXISTENCIAIS DA ALMA

Todas as existências que aqui passaram, passam e ainda hão de passar, representam um conjunto de etapas cujo objetivo é unicamente o aprimoramento da índole humana dotada de uma grande inércia em consequencia de um estreitamento mental delimitado pelo fisiologismo cerebral.
Ricos e pobres, sábios senhores e anônimos ilustres, letrados e iletrados, enfim todos têm suas dificuldades da mais variada ordem e magnitude, cujo modo de reagir consiste no diferencial que os irá conduzir ao sucesso ou fracasso da sua missão terrena. É isto mesmo, nenhuma criatura está neste mundo em colônia de férias e portanto existe um "pequeno dever de casa" que devemos página a página, capítulo a capítulo cumprí-lo na integra com o melhor que temos para oferecer. E a pergunta que não quer calar é: O que estamos fazendo do tempo que nos resta?
Há situações e situações, porém a humanidade ainda se encontra cárcere de suas próprias paranóias classificadas como um modelo bem sucedido de uma sociedade civilizada. Neste modelo são negligenciados anseios que transcedem e em muito as necessidades tipicamente materiais ocasionando de tempos em tempos uma inversão de valores onde se prioriza a tomada de vantangens em detrimento de alguns próximos. Resultado, aumento da violência nas diversas esferas das relações humanas pois o homem ainda é pueril no tocante ao conhecimento das propriedades e características da alma da qual encerram em cada um de modo individualizado e único no corpo físico.
É evidente que este conhecimento não irá isentar o homem de seus compromissos com a dor em seu sentido mais amplo, no entanto pode modificar-lhe a forma de enfrentá-la e perceber que este tipo de sentimento pode ser de grande valia no aperfeiçoamento de seu ser, aprendendo a resignar-se e compreendendo que somos muito mais do que corpos físicos a vagar em busca de posses, prazeres diversos e fama, de um lado a outro neste mundo de provas e expiações. Portanto, nunca é demais, manter-se flexível o suficiente e entender que as singularidades (decepções, angústias, desilusões, frustrações,etc) são as nossas melhores, eficazes e seguras ferramentas de lapidação de nossa índole ainda muito embrutecida portando um coração pedregoso cujo amolecimento num nível de sublimidade celeste, necessita invariavelmente de ácidos singulares culo poder de dissociação molecular o faz fragmentar e assim aos poucos passa a expor aquilo que existe de melhor em nós.
Pense nisso!!!!!!!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

QUAL É O PROBLEMA ?

Vivemos em meio a tantas dificuldades que transitam em finanças, emoções mal resolvidas, conflitos interiores, mágoas bem internalizadas, enfim toda uma gama de energias desarmonizantes que nos tiram do nosso norte harmonioso.
Muitos vivem hoje uma existência apática, do tipo viver por viver, sem ter nenhum prazer em nada realizar e acreditam que estão aproveitando a vida como deve ser aproveitada. Longos anos se passam, atravessamos a mais tenra infância até chegar à maturidade comumente chamada de velhice e nesta fase última da vida, convenciona-se que aqueles que heroicamente ali chegaram devem simplesmente se conformar com aquilo que tenham e aguardar a morte lhes recrutar.
Ledo engano! Todas as fases da vida são recheadas de lições tais quais aquelas que vivemos em nossa fase escolar de modo que, estamos sempre em processo de aprendizagem e nada é em vão quando nos dispomos verdadeiramente a aprender, superar maus hábitos, erradicar vícios do corpo e da mente, ou seja, manter-se em atividade ao invés de ser um mero espectador de você mesmo.
Quando as coisas saem erradas ou apresentam solução que demanda uma quota de esforço considerável, dizemos que temos problemas a resolver e na maioria das vezes buscamos deles fugir. Aí está o problema: é a sua fuga! Um olhar cuidadoso e consciencioso perceberá que estes obstáculos são oportunidades raras de crescimento para toda vida e além fronteiras se assim você assimilar a imortalidade da alma. Quanto tempo perdemos com coisas fúteis que nada somam a nossa evolução, muito ao contrário, só retardam o que já está atrasado e aguarda o nosso comando para avançar.
Evidentemente nem tudo está ao nosso alcance, como tudo na vida, nossa capacidade de assimilação envolve um conjunto complexo e diverso de variáveis nas quais desconhecemos quase que por completo e assim não é difícil ocorremos em erros dos mais variados que em alguns casos particulares acreditamos serem acertos declarados. Então, uma vez esgotadas todas as tentativas racionais de solucionar um dado problema ou desafio, a não-solução deste pela sua própria natureza, já se torna a sua solução.