domingo, 30 de agosto de 2009

"SÓ SEI QUE NADA SEI"

Na Grécia antiga havia um homem que interrogava a si e aos outros a respeito das coisas que realmente eles afirmavam saber ou conhecer. Este homem era Sócrates, considerado o Pai da Filosofia pela forma inovadora e lúcida de elaborar o pensamento com vistas à aquisição do conhecimento. No entanto, Sócrates estava muito a frente de seu tempo, vivia numa sociedade mesmo com um grau de cultura adiantado comparada a outras daquela região, ainda cultivava a escravidão em seu seio, denotando que era necessário rever os conceitos acerca da liberdade e sua aplicação.
Ávido investigador social, Sócrates começa a colocar em "cheque" todo um cabedal de informações que a sociedade ateniense julgava como verdades inquestionáveis. Através de uma metodologia que induzia de forma sistemática e lógica o seu interlocutor a entrar em contradição própria, demonstrando assim a fragilidade ou insubstancialidade das suas convicções. Jovens e adultos mais experientes passavam nas vias públicas de Atenas pelo crivo do seu método e as consequentes reações oriundas das frustrações produzidas, colocaram Sócrates na berlinda, provocando revolta e rancor daqueles que se achavam exímios intelectuais e viam-se desqualificados em plena praça pública. O resultado não poderia ser outro, Sócrates é julgado e condenado à morte, acusado de corromper a juventude ateniense por meio de um sistemas de valores ou fatos que antagonizava com o sistema de valores tidos como irrefutáveis daquela época.
Decorridos alguns milênios, encontramo-nos em pleno Século XXI, numa era apoiada na informação e no advento de um mundo globalizado, interligado através da rede mundial de computadores. Tudo que acontece numa parte do globo, reflete quase que instantaneamente nas demais partes. Podemos afirmar que virtualmente não existe mais fronteiras, o conhecimento humano aos poucos vai se universalizando e ninguém no uso inteligente da razão pode se dar ao direito de se postar como detentor das verdades e fatos que nos acometem.
Todos os conhecimentos são sucetíveis de atualizações(updates) ou até mesmo de transformações radicais e a história da humanidade deixa isso muito bem claro. A diferença hoje, no entanto, reside na velocidade em que essas modificações são efetuadas, tudo pode de uma hora para outra, de um período breve de tempo para outro perder a validade total ou parcial de acordo com a profundidade alcançada por tais conhecimentos. Sabiamente, Sócrates se apercebendo das limitações do pensamento e dos órgãos sensoriais, concluiu que aquilo que julgamos saber, não passa de um conhecimento muito superficial e que a apreensão deste, exige sondas de investigação que transcendem nossos órgãos do sentidos encontrando no uso crítico da razão o meio mais eficaz que possui a humanidade.

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